
Hipoclorito de Sódio: cuidados essenciais na manipulação e estocagem
Talvez um dos produtos químicos mais conhecidos e utilizados pelo consumidor brasileiro e que influencia drasticamente na cultura e comportamento no que diz respeito à limpeza é o Hipoclorito de Sódio, o famoso “cloro”.

Seja na forma de Alvejante ou Água Sanitária, e apesar de sua elevada toxicidade, o cloro é amplamente reconhecido como um dos agentes de limpeza, desinfetante e alvejante mais eficientes.
No entanto, por ser um ingrediente altamente reativo, exige uma série de cuidados quanto à sua manipulação e estocagem. Neste artigo vamos discorrer sobre esses cuidados.
É importante salientar que o Hipoclorito de Sódio é um dos materiais de menor estabilidade dentre os ativos de limpeza utilizados em uma fábrica de saneantes, sendo sua validade média em torno de apenas 30 dias. E isso só reforça os cuidados que temos que ter ao lidar com este insumo.
Vamos a algumas dicas que fazem a diferença no momento de lidar com o famoso cloro:
Equipamentos e tubulações metálicas:
Os agentes oxidantes, como é o caso do Hipoclorito de Sódio, reagem fortemente com metais. Por isso, é de suma importância que os equipamentos, tais como tanques, agitadores, tubulações, envasadoras e tudo aquilo que entra em contato com o produto durante a preparação, controle de qualidade e envase, sejam preferencialmente de plástico. Materiais como aço carbono e as ligas de aço inox, incluindo o aço inox 316 reagem fortemente com o Hipoclorito de Sódio desestabilizando o produto em si e as formulações produzidas com ele.
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A recomendação mais segura é sempre utilizar equipamentos plásticos feitos em PP, PEAD, UHMW, Teflon e outros materiais plásticos inertes. Não é recomendado o uso de potes plásticos PET para coleta e armazenagem de amostras. Para esta finalidade usar sempre frascos de PP ou PEAD.
Embalagens:
Assim como tomamos todo o cuidado com os equipamentos e tubulações, é preciso se atentar ao fato de que as embalagens PET não são aconselháveis para o envase de produtos alcalinos e oxidantes como o Hipoclorito. Neste caso procure utilizar embalagens de PP ou PEAD. O PETG (Polietileno Tereftalato Modificado com Glicol) tem sido utilizado com uma certa frequência, porém é sempre interessante o teste de resistência química deste tipo de material e solicitação de garantia por parte do fabricante, pois existem diversos tipos de especificação para esta família de plásticos.
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Uma dica de ouro, que vai além do material da embalagem, é atentar-se em como estas embalagens estão sendo armazenadas. Os vasilhames e as tampas precisam estar, de alguma forma, protegidos contra poeira. Geralmente para isso são acondicionados em sacos plásticos bem fechados, com o empilhamento dos fardos feito de forma a deixarem as bocas dos frascos virados para baixo, criando uma segurança ainda maior para que nada se acumule no interior do frasco. Qualquer acúmulo de poeira dentro da embalagem desencadeará reações com o cloro. Esse, muitas vezes, é um fator que é negligenciado durante a investigação do problema de estufamento nas embalagens.
Qualidade da água:
Outro fator fundamental é a água. A água no Brasil apresenta uma grande tendência a ter altos índices de ferro. O ferro é um contaminante que reage muito fortemente com o cloro e não raro é este o fator que desencadeia a instabilidade da formulação.
Se houver ferro presente na água disponível na sua fábrica, para a produção de produtos à base de Hipoclorito, é aconselhável que a água passe por um tratamento mínimo de purificação através de um equipamento chamado abrandador. Este tipo de equipamento consegue remover o ferro e outros contaminantes e aumentar significativamente a qualidade da água. Para além do peróxido o ferro, também reage e desestabiliza corantes e conservantes em formulações de limpadores em geral. Ou seja, é um tema muito importante a ser investigado em uma indústria de produtos de limpeza.
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Além disso, temos também que nos atentar para a presença de material orgânico na água, como o lodo, por exemplo. Estes materiais também prejudicam fortemente a estabilidade do Hipoclorito. Por isso, é fundamental que a água passe por uma filtragem que remova este tipo de impureza. Ainda, quanto às matérias orgânicas, elas também podem vir do manuseio, recipientes contaminados, suor, cabelos e poeira.
Lembre-se sempre: a água é a matéria-prima mais importante de uma indústria de higiene e limpeza e por isso precisa receber uma atenção especial para evitar dores de cabeça.
pH:
É muito importante entender que o Hipoclorito só se mantém estável em pH alcalino. Por isso, o Hipoclorito de Sódio ou outros sais de Hipoclorito são sempre fornecidos com uma alcalinidade residual considerável. No caso do Hipoclorito de Sódio, que é o mais utilizado para produtos de limpeza em geral, é adicionado um residual considerável de Hidróxido de Sódio (soda cáustica), para que seja possível manter o nível de ativo em no mínimo 10% em 30 dias.
É muito comum que formuladores desejem formulações cloradas com pH abaixo de 11, pois assim poderiam simplificar o processo de registro de alguns tipos de formulações junto à ANVISA. No entanto, esse pH é altamente contraindicado pois desestabiliza rapidamente o Hipoclorito de Sódio, que exige um ambiente cáustico, com pH acima de 13.
Ingredientes incompatíveis:
É muito comum, ao desenvolver alguns tipos de formulações cloradas, majoritariamente detergente clorados, a busca por tensoativos, coadjuvantes e espessantes que sejam compatíveis com Hipoclorito de Sódio. No entanto, são pouquíssimas as opções de ingredientes estáveis ao cloro.
Começando pelos tensoativos, os mais comumente empregados neste tipo de formulação são as Aminas Óxidas. Essa classe de tensoativo, além de ser uma rara opção estável ao cloro, apresenta ótima detergência, boa formação de espuma e algumas delas conseguem agregar viscosidade às formulações ricas em causticidade.
Estas mesmas características podem ser encontradas também no produto Isogen DAC 210, desenvolvido pela Macler. No entanto, o Isogen DAC 210 apresenta ainda mais vantagens. Além do poder tensoativo com alta detergência, espuma e poder espessante, ele é capaz de substituir coadjuvantes como Tripolifosfatos, Carbonatos e Silicatos. Isso se torna ainda mais vantajoso para a estabilidade da formulação quando passamos a perceber que estes coadjuvantes todos e os sais, de modo geral, contém muita contaminação ferrosa. O ferro é um dos principais vilões para a estabilidade do cloro, como já foi comentado anteriormente.

O agravante no caso de água e ingredientes contaminados com ferro é que não temos opções de sequestrantes estáveis ao cloro para ajudar a proteger a formulação. Nem EDTA, nem os derivados de fosfônicos e nem os derivados glucônicos são estáveis nesse tipo de formulação.
Outro ingrediente que tem chamado atenção em formulações cloradas são as fragrâncias. Não são muitas fragrâncias que se mantém estáveis sob tais condições e por isso é fundamental o teste de estabilidade desse ingrediente durante a fase de desenvolvimento do produto. De modo geral, fragrâncias mais florais apresentam mais resistência, mas esta relação não é direta, ou seja, não quer dizer que pelo fato de a fragrância ser floral, ela será estável com cloro. É necessário sempre testar a estabilidade para poder se certificar de que a fragrância é adequada.
E atenção!
- Corantes não são estáveis ao cloro.
- Formulações cloradas não precisam de conservantes, pois o próprio cloro presente na formulação e a alta alcalinidade protegem a formulação de contaminações.
Qualidade do Hipoclorito:
Este é um dos temas mais complicados. São poucos fornecedores garantindo uma boa qualidade, sendo que a maioria dos Hipocloritos de Sódio fabricados no Brasil são fornecidos já com a presença de contaminação ferrosa, seja pela água utilizada na fabricação, seja pelo uso de bombas metálicas no carregamento e descarregamentos de tanques.

É fácil observar se o Hipoclorito de Sódio está contaminado, pois o ferro em ambiente alcalino forma Hidróxido de Ferro, que é um composto de coloração “vermelho-tijolo”. Para conseguir observar esse composto formado pela presença de ferro, é muito importante que o Hipoclorito de Sódio fique em repouso por algumas horas ou até mesmo alguns dias. Se o produto apresentar um “pó” avermelhado preso nas paredes, no fundo do recipiente ou até mesmo na superfície do líquido, indica contaminação ferrosa e a probabilidade de a formulação apresentar problemas é alta.
Águas Sanitárias podem não sofrer tanto já que, por norma, contém uma faixa de cloro ativo mais baixa (2,0 a 2,5% de cloro ativo) e não tem presente grandes quantidades de outros ingredientes. Porém, formulações de Detergentes Alcalinos Clorados são geralmente muito carregadas em cloro ativo e Hidróxido de Sódio, o que diminui a disponibilidade de água na formulação, aumentando a sua concentração e consequentemente a sua reatividade, tornando a formulação muito mais sensível e suscetível à desestabilizações e reações indesejadas.
Não raro, fabricantes de Detergentes Alcalinos Clorados tem dificuldade de conseguir estabilizar suas formulações por mais de 2 ou 3 meses. O segredo para maior durabilidade é simples: insumos adequados, água de qualidade, equipamentos corretos, operadores treinados e formulação equilibrada.
Conheça a formulação sugerida pela Macler
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