Amaciantes domésticos: boas práticas e estratégias para formulações de alto desempenho
Poucos produtos do segmento de limpeza e cuidados com o lar passaram por tantas transformações quanto os amaciantes. A evolução técnica e tecnológica nos últimos anos incluiu desde estruturas inovadoras de formulação para ganho de viscosidade até o uso de fragrâncias microencapsuladas e enzimas como as celulases, que atuam no controle do pilling.
Apesar dessas inovações, algumas premissas fundamentais continuam válidas para o desenvolvimento de uma boa formulação. Antes de seguir com a leitura, recomendamos consultar também nosso artigo “Como funcionam os amaciantes” para um entendimento mais profundo da função técnica desses produtos.
Entendendo as expectativas do consumidor
É essencial reconhecer que a expectativa do consumidor nem sempre está alinhada com a finalidade técnica do amaciante. Em muitos mercados, a perfumação tem mais peso na decisão de compra do que a capacidade real de amaciar as fibras. Isso significa que, para desenvolver um produto competitivo, é preciso conhecer o perfil do consumidor-alvo e observar de perto o que os concorrentes estão oferecendo.
Sendo assim, vale destacar alguns aspectos técnicos importantes no momento de desenvolver um amaciante:
Pilares técnicos na formulação de amaciantes
Perfumação:
A entrega de uma experiência olfativa marcante é um dos maiores diferenciais competitivos no mercado de amaciantes. O produto precisa manter a fragrância perceptível em diferentes etapas: durante a lavagem, no varal, ao passar, dobrar e vestir a roupa.
Um produto premium entrega uma experiência positiva com o perfume em todas estas etapas.
No entanto, a depender do mercado em que se está atuando, uma formulação premium não entregará o devido custo para se manter competitivo. Então é importante entender como extrair a maior performance com o menor custo possível. Pois, se isto é o principal fator de escolha e recompra do produto, quem melhor desempenhar neste aspecto tenderá a ter mais sucesso junto ao consumidor.
Para potencializar a performance da fragrância é necessário:
- Utilizar fragrâncias de qualidade desenvolvidas especificamente para amaciantes, livres de glicóis ou emulsionantes.
- Investir em ativos catiônicos de qualidade, que fixam a fragrância na fibra têxtil. Produtos com baixo teor de ativos ou ativos fracos (como cloreto de cetrimônio ou álcool cetoestearílico) tendem a não reter a fragrância após o enxágue.
Viscosidade:
Apesar de, já há algum tempo, haver um movimento e tendência de queda na viscosidade dos amaciantes, tracionado pelas formulações concentradas dos grandes players do mercado nacional, alguns mercados, geralmente de baixo custo, ainda valorizam a viscosidade associando, erroneamente, este atributo com a performance do amaciante. Ou seja, imaginam que por ser mais viscoso o produto é mais concentrado.
Apesar desta falácia, se é algo desejado por este perfil de consumidor, é interessante atentarmos a este fator e entregarmos algo o mais ajustado possível. É muito comum encontrar formulações desenvolvidas que dão uma importância demasiada a este quesito, porém ele acaba se tornando um problema pro consumidor, pois o produto se torna tão viscoso que:
- Demora ou sequer escoa no dispenser da máquina de lavar e acaba indo muito pouco produto para dentro do molho com amaciante, reduzindo muito a performance do molho.
- Não dispersa direito na água, formando grumos que aderem nas roupas provocando manchas e reduzindo a performance do molho, uma vez que todo ativo ficou concentrado e preso em partes de certas peças de roupas.
- Precisa ser diluído antes do uso para que se torne fluido e disperse na água, reduzindo a quantidade de ativo no molho, consequentemente reduzindo a performance.
A viscosidade ideal é aquela que transmite percepção de qualidade, mas permite fácil escoamento e dispersão, pois isso será fundamental tanto para a sua funcionalidade como amaciante, como também para o sucesso da fixação da fragrância na fibra.
Muitos formuladores buscam por agentes espessantes para suprir este requisito de viscosidade, mas é importante ressaltar que alguns deles podem prejudicar a performance do produto. Dentre os mais utilizados estão os celulósicos, mais comumente o HEC (Hidroxietil Celulose). No entanto, este espessante também tem a tendência de aderir na fibra, gerando endurecimento das peças de roupa e portanto sensação de aspereza.
Tenha cuidado na escolha do espessante, quando ele se fizer necessário. Algumas opções podem inclusive ajudar o ativo a desempenhar melhor, como é o caso do espessante NOXIPON TXT, comercializado pela Macler. Além de gerar viscosidade, ele auxilia na fixação do ativo e da fragrância na fibra e ajuda com o aumento da lubricidade do fio.
Manipular o comportamento reológico da formulação é uma estratégia eficaz para equilibrar percepção e funcionalidade. O que quer dizer isso?
Quer dizer que é possível termos um produto que se comporta dando a ideia de alta viscosidade numa condição, mas que essa viscosidade cai abruptamente quando submetido a outra condição.
Um ótimo exemplo desse tipo de comportamento reológico são as formulações feitas a partir da base para amaciantes ISOGEN TXT 200 desenvolvida e comercializada pela Macler. Após mais de 5 anos de pesquisa intensa, a Macler conseguiu desenvolver um arranjo ajustado de ativos que trouxeram uma aparência de alta viscosidade quando o produto está parado na prateleira/gôndola, porém que quando submetido ao escoamento o produto reduz drasticamente sua viscosidade, escoando facilmente pelo dispenser e dispersando rapidamente no molho.
Essa característica, somada a um arranjo adequado de tensoativos, permitiu em muitos casos uma redução de até 30% na carga de fragrância sem perda de performance, uma economia significativa, considerando que a fragrância é um dos insumos mais caros da formulação.
Outros cuidados essenciais na formulação:
- Uso de uma água de qualidade: água duras, com muito Cálcio, Magnésio e/ou Ferro interferem diretamente na estabilidade do produto. Estes íons são capazes de quebrar o arranjo micelar do amaciante provocando separação de fases. Além disso, a presença de ferro pode reagir com os corantes, fragrância e conservantes alterando a cor e provocando mau cheiro.
- Corante ou pigmento adequado: se utilizados corantes inadequados há um grande risco do amaciante manchar as roupas.
- pH deve ser ajustado para uma faixa mais ácida (3,0 – 5,0): os tensoativos catiônicos ganham mais força catiônica em pHs ácidos, e isso faz com que ele se torne mais substantivo, ou seja, fique mais facilmente aderido na fibra. Consequentemente, isso fará com que o ativo fixe junto a ele a fragrância, auxiliando na performance de maciez. Além disso, um pH mais ácido ajuda na neutralização de alcalinidade residual do lava roupas.
- Uso de antioxidantes: algumas formulações, quando muito concentradas tendem a amarelar com o tempo. Isto pode ocorrer devido ao excesso de amina livre nos ativos amaciantes, o que denota um produto de qualidade duvidosa. Porém, às vezes isso ocorre por conta de alguma oxidação na fragrância que muitas vezes não se consegue retrabalhar. Para isso, muitas vezes o uso de Ácido Oxálico ou BHT podem resolver o problema.
Análise de ativos: aprofundando o controle de qualidade
Para garantir a eficácia dos ativos catiônicos utilizados, é essencial realizar análises específicas. Saiba mais em nosso artigo “Metodologia de análise de ativos catiônicos através de cloretos”.
As boas práticas de formulação apresentadas aqui não apenas otimizam o desempenho técnico do amaciante, mas também contribuem para uma melhor experiência do consumidor, fator determinante para fidelização e recompra.
Embora existam caminhos sólidos já consolidados, a inovação contínua é bem-vinda. O importante é manter o foco na necessidade real do público-alvo e buscar equilíbrio entre custo, sensorial e eficiência.
Dica final para formuladores: A Macler oferece guias completos com sugestões de ativos, dosagens e soluções para diferentes perfis de produto. Clique no banner e baixe a formulação core de amaciantes.
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